Para irem sabendo de mim...

18 agosto 2007

Top 3

Ruas pequeninas escondidas, cafés onde dá vontade de ficar (com chá, bolo de chocolate e um livro) e mercados de frutas e legumes- eis as três coisas que mais procuro em cada nova cidade. Em Estocolmo só me falta ir à caça dos mercados. Amanhã não escapam. Depois sigo satisfeita para a cidade mais pequena, onde me espera uma dose intensa e variada de evolução para todos os gostos.

10 agosto 2007

A voz

Teclar não me chega. Não consigo perceber o tom, o ânimo, o que lhe vai lá dentro. As notícias que vêm do paraíso, lá do outro lado do mundo e no meio do oceano, vêm sem sal. Falta-lhes, sem dúvida, a emoção. Apaziguam-me muito pouco as (já tantas) saudades. Faz-me muita falta ouvir-lhe a voz. O meu reino pela sua voz.

07 agosto 2007

Verão

O cheiro da praia no primeiro dia não deixou dúvidas: estávamos no Algarve, como antigamente. As caras pequenas da família grande são outras. Trocou-se a Meia Praia por Altura, introduziram-se a bicicleta e as bolas de berlim. No essencial, tudo saborosamente igual.

24 julho 2007

Anedota

Parece que o abono de família vai aumentar e que o vão passar a dar às mães a partir dos 3 meses de gravidez. Com estas medidas, eu e as minhas amigas vamos já engravidar.
O que nos importa não termos perspectivas de emprego e termos que nos endividar até à medula para comprar uma casa? E a falta de creches? Também não nos interessa nada não termos opção de manter o posto de trabalho ou optar por um part-time após os 4 meses de licença de parto. E o estado do sistema de educação do nosso país? Coisa sem importância.
Temo que com estas fabulosas medidas para promoção da natalidade Portugal se encha de bebés.

20 julho 2007

Magia e ingenuidade

As Câmara não sabem, mas eu tenho um riso especial que só elas são capazes de provocar. É um riso, à semelhança delas, espontâneo, verdadeiro e que me enche de energia. É o que hoje mais se assemelha aos risos do tempo da juventude. Ontem recordámo-los. Esses risos fazem parte daqueles momentos que um dia pensámos serem, simplesmente, para sempre.

Para procurar o segredo do início, a magia de uma certa ingenuidade e frescura que inevitavelmente se perde com o passar dos anos, a Simone fez um disco. Eu janto com elas de vez em quando.

Ao Príncipe Real

Tagliatelle ao molho de manjericão (e mais qualquer coisa) com camarão tigre. Foi no Jardim das Flores, no novo e promissor projecto do André, o amigo a quem uma vez disse, e é verdade, que tem um mundo, só dele, que é muito bonito.

14 julho 2007

Paul Harris 1, 6A

Fui ao fresco e escuro -3. A nossa vida em Lisboa estava lá, arrumada em sacos e caixotes, parada no tempo. Olhei para o sexto andar- janelas fechadas. À volta não noto grandes mudanças: as lojas são as mesmas, a relva está igual e o betão não avançou muito. Apetecia-me meter a chave à porta, só para me sentar no nosso sofá e olhar pela janela. Queria ver se a mobília está no mesmo sítio e era capaz de espreitar uma ou outra gaveta. É só uma casa, mas foi a nossa durante quase quatro anos e não sei se vai voltar a ser.

11 julho 2007

Travo a despedida

O primeiro dia de volta ao ISPA teve já travo a despedida. Sou calorosamente recebida como alguém que já se mudou (e já me mudei mesmo). Que bons os telefonemas matinais só para saber se já cheguei. A internet que não funciona no meu computador, os meus post-it na parede, o arrastar da impressora. Mais tarde as habituais combinações para o almoço. A descida da escadaria para a cantina, o abraço enquanto pouso o tabuleiro, a conversa do costume ao café (agora com algumas novas esperanças, mas já sem ilusões). De volta ao sotão e à minha secretária continuo a trabalhar nela. De vez em quando espreito, pelo rabo do olho, a minha prateleira e penso no destino do seu conteúdo: uns irão, outros reciclar-se-ão e outros ainda arrecadar-se-ão. Quem se vai sentar na minha cadeira? Quem se vai rir com a Clara e espreitar pela janela aberta para uma das casas de Alfama?

04 julho 2007

Biológico ou filosófico?

"... A vida quer ser; a vida nem sempre quer ser grande coisa; a vida extingue-se de vez em quando (...) A vida continua"

Bill Bryson in "Breve história de quase tudo"

29 junho 2007

Consciência ecológica

A minha consciência ecológica chega a ser cansativa. Pratico arduamente o primeiro R (reduzir). Cada saco de plástico utilizado é ponderado e a decisão de pegar num novo é quase sofrida. Não compro toalhetes húmidos, não gosto de guardanapos de papel, não deixo luzes acesas pela casa, não quero ar condicionado e gosto de andar de transportes públicos.
Em Lisboa tinha um saco de sacos de plástico que levava para a praça. Já era conhecida pela menina que não quer sacos. Isto depois de incontáveis Não os quero acumular em casa ou São muito maus para o ambiente, face às bocas abertas e aos olhares de espanto. Muitas vezes resisti à tentação de um discurso mais longo: a energia monumental necessária para fazer um saco de plástico, o tempo infinito que leva a degradar-se, as consequências desastrosas para os ecossistemas do plástico acumulado...
Aqui, no país das contradições, encontro mais uma. Choca-me o abrangente e rotineiro descartável e agrada-me o Do you need a bag? em todas as lojas.

Nota: o Não faz mal porque se recicla, não é desculpa. Há que Reduzir primeiro que tudo. E, by the way, os sacos de plástico não se reciclam.

23 junho 2007

Rudy


2500 Km: uma carrinha (Rudy), um atrelado, 2 caiaques, 4 pessoas e dois cães.

Baja



A Baja entranha-se-me. O calor, a paisagem, as pessoas, a comida. A transição da paisagem ao longo das milhas. O deserto de planícies a perder de vista, os cactos, as pedras gigantes e o mar. A Baja é misticamente latina e por isso gosto dela. Gosto da simplicidade calorosa dos mexicanos, dos buracos na estrada, dos tacos caseiros e do espanhol da américa do sul.

13 junho 2007

Adeus e até ao meu regresso

A minha sina é esperar. Sempre fui muito cumpridora. De regras, de horários, de prazos. A maioria das vezes sou mesmo adiantada. Espero, portanto.
Em miúda cumpria seriamente as regras: "um gelado (de leite) por dia" e "um sumol no restaurante".
O estudo para os exames da faculdade era bem organizado. Planeava os meus horários de forma a me permitir estudar (leia-se passar a tarde na conversa) no CCB com a Cristina e o João (até hoje eles não sabem, mas o estudo já estava bem adiantado nos dias em que me juntava a eles).
Não me lembro de ter falhado um prazo (minto, já entreguei uma revisão de um artigo após o email de aviso, mas foi logo no dia seguinte).
Tenho uma candidatura a pós-doutoramento pronta desde Março e uma tese escrita faz já 3 semanas. Espero por um concurso e espero por comentários. Espero, portanto.
Desta vez estou mesmo farta de esperar. Vou ao México, portanto.

11 junho 2007

Abraços, da Califórnia

Hoje mandei-lhe abraços virtuais. Um para cada uma e bem apertados. A minha mãe também lhos deu, mas mesmo assim queria estar lá para os dar pessoalmente. Gosto de pensar que talvez as pudesse confortar um bocadinho, como elas já me confortaram tão bem. A vida é mesmo uma pena que paira ao sabor do vento e que, a um sopro mais forte, vai parar não se sabe onde. Parece mesmo que "Para sempre só a música". Tem-me apetecido chorar um bocadinho e também dizer asneiras.

07 junho 2007

Três anos depois

Os nossos primeiros hóspedes são franceses. Damos guarida à colega Céline e ao pai que a veio visitar. A Céline é novinha. Tem vinte e poucos anos e está maravilhada por cá estar. Revejo-me nela. O seu entusiasmo lembra-me o meu na primeira vez que cá estive, a vontade de mostrar as coisas ao pai assemelha-se à minha quando passeei a minha mãe. Agora não estou maravilhada, estou só satisfeita. O entusiasmo contuinua mas não é tão gritante. É mais sereno e menos exuberante, mas nem por isso menos sentido. Talvez seja simplesmente mais amadurecido.

03 junho 2007

Pequenos (grandes) prazeres


- Acordar de uma sesta curta com a sensação de que dormi várias horas

- Acordar a meio da noite sem saber onde estou e perceber que ele está ali ao lado
- Fazer máquinas de roupa e estendendê-la
- Frutos vermelhos, queijo e chocolate
- Ir à praça comprar fruta e legumes
- Ler
- Tomar o pequeno-almoço fora aos fins-de-semana
- O segundo em que deito a cabeça na almofada depois de ter apagado a luz para dormir
- Fazer de poleiro para a Ginja
- Nao ter nada para contar à minha mãe, mas telefonar-lhe à mesma
- Os jantares (geralmente no Gravatas) com o meu pai
- Pensar que sou a irmã do meu irmão
- Ouvir a minha avó ao telefone e notar-lhe no tom de voz que está satisfeita
- Chegar a Ribamar e saber que tenho todo o fim-de-semana pela frente
- Deitar-me na toalha, de barriga para baixo, depois de um mergulho no mar
- Cumprir tarefas (sejam elas quais forem)
- O “Vera” sempre igual da Adriana quando lhe telefono
- Não ter nada para fazer e ir a um café comer um bolo de chocolate com o meu livro do momento
- Escrever no meu blog

30 maio 2007

Cá de dentro

Reivindicativa, contestatária, exigente, sindicalista. Estou já habituada a que me chamem tudo isto, em tom de apreço, de gozo, ou até mesmo depreciativo. Por email, o meu orientador em Lisboa diz que todos têm saudades de mim, até da minha refilice. Posso por vezes ferver em pouca água, mas antes isso do que engolir sapos, tornar-me num ser amorfo e conformado. Faço por fundamentar o que defendo e aproveito sempre que posso para passar a palavra. Acredito convictamente que cabe a todos nós mudar o que nos parece mal. Por isso mesmo contribuo com uma migalha. Um dia espero poder dar mais de mim.

28 maio 2007

Lista em construção

Fui ver 10 questions for the Dalai Lama. Tenho pensado quais seriam as minhas, mas a lista ainda não está completa. Não é tarefa nada fácil. Preciso de ler mais.
Saí pequenina por rever o monstro China, mas maravilhada por mais uma confirmação da grandeza do senhor. O Budismo Tibetano parece-me ser a única religião coerente e compatível com a ciência. É também a única que realmente pratica a
paz e a força da verdade. Um dia ainda me converto.

Nova paragem

O tempo parou outra vez. Desta vez foi uma paragem com mais acústica e em tom latino. Ouvimos a guitarra e o acordeão acompanhados por violinos e violencelos. O regresso a casa fez-se de bicicleta com luzes a piscar. Ficou-nos uma dúvida: pia baptismal ou jacuzzi?

25 maio 2007

No kiss

Hoje conheci a professora da Amália (não a Rodrigues, mas a Bernardi). Quem olha para a senhora não adivinha o que lhe vai na cabeça. Há uma regra a cumprir na sala de aula dos miúdos de 6/7 anos: no kiss. Isso mesmo, é proibido dar beijinhos aos colegas. Eu fiquei verdadeiramente chocada quando soube. O G desabafa this society is really sick. O que pensaria a senhora dos beijos na boca, dos apalpões e das espreitadelas por baixo das saias das meninas de que nós tanto gostávamos?

23 maio 2007

A minha selecção

2005, aqui
2006, outra vez aqui
2007, no sítio do costume

Pró-activo

Ontem em conversa, durante o já habitual café depois do almoço, o G mencionou uma das razões que o levaram a sair de França: a facilidade com que conseguiria um emprego lá devido ao elevado número de familiares na Academia. As coisas não têm que acontecer assim. Uma prova de que o lema não serve para todos.

19 maio 2007

Jardim


O meu primeiro jardim (soa-me a livro faça você mesmo) ou Vera e a jardinagem (soa-me a livro da colecção Anita). Escavei, plantei e reguei: hortelã (para a massada de peixe), alfazema (para o jardim cheirar bem ao pequeno-almoço), lebelia (porque é roxa), linaria (com bee like flowers) e arméria (lembra-me as dunas).

Meme

Desafio aceite. A busca do meu meme tem-me andando a roer por dentro, devagarinho e distraidamente. Nos dias de hoje, em que o dever cívico é um conceito vazio e pouco importante, lembro-me muitas vezes de uma frase que li, já há vários anos, num livro oferecido pela Ana P. com dicas para um ambiente melhor. Acho que se aplica a tudo.

Nunca ninguém cometeu maior erro do que não fazer nada, por achar que podia fazer apenas muito pouco.

Não me lembro da autoria, mas sei que a tenho anotada num caderdinho, algures em casa da minha mãe. Ainda hei-de ir à procura.

18 maio 2007

A Essência

Comecei a lê-lo sem muito entusiasmo acreditando que ia ser apenas mais uma historieta à laia de romance. Não me enganei na parte da historieta, mas sim na parte do "apenas". Surpreendi-me com a forma limpa com que ele explica a Física essencial, aquela que nos situa neste Universo. Anos sucessivos de Física na escola e uma cadeira semestral (miserável) na Faculdade não me transmitiram ideias tão claras. Conseguiu ser mais claro que os livros do Hawking. Tudo é de facto muito complexo, mas também muito simples quando visto numa perspectiva integrada. Reconheço-me uma clara falta de apetência para a Física. Sempre me fascinou mais a Química, por exemplo, talvez por a conseguir entender com mais facilidade. É verdade que o nosso sistema de ensino não prima pela articulação e integração dos conhecimentos, mas também acho que há coisas que só se compreendem, mesmo aquele compreender, quando se tem uma certa maturidade. Outras talvez nunca... Como conceber que o Big Bang é o início de tudo e que não existe antes do Big Bang? Como definir o tempo? Conseguirei imaginar metade de metade de metade de metade de metade de metade de metade...?
Se quiserem chamar Deus a todo este mistério explicável, mas no fundo incompreensivel, eu não me importo.

15 maio 2007

Nem a propósito...

O meu pai enviou-me um link.
"O sistema de saúde norte-americano é o mais caro e o menos eficaz entre os de seis grandes países industrializados analisados por um estudo publicado hoje pelo Commonwealth Fund, um instituto independente"
"Os Estados Unidos são a única nação do estudo que não assegura o acesso universal à saúde (...). Karen Davis (presidente do Commonwealth Fund).
Cerca de 15% da população não tem seguro de saúde!
Sem surpresa, os médicos americanos acham que o seu sistema de saúde é o melhor do mundo.

14 maio 2007

Paradoxo

Recebi o meu cartão da Segurança Social americana. Para que servirá neste país?

13 maio 2007

Fair trade

Tenho estado atenta aos projectos fair trade de que ouço falar. A minha estreia foi o ano passado perto de Vancouver quando comprei um cesto. À primeira vista pareceu-me que fosse de uma das aldeias índias do Canadá, mas depois percebi que tinha vindo de África. Porque o fair trade não sobrevive sem a globalização trouxe-o à mesma. Hoje li no Metro Santa Cruz uma pequena reportagem sobre fair trade de café produzido e transformado na Costa Rica. " You have on one hand people buying coffee for $4 for a latte and people on the other hand barely making a living". Embora ajudar a mudar?

11 maio 2007

Já vai tarde

O Tony vai-se embora. Parece-me estranho este sistema inglês. Então o senhor decide que deixa de ser Primeiro-Ministro lá para fins de Junho e é assim? Não há um mandato a cumprir? Um motivo determinante a invocar?
Esteve dez anos à frente do Reino Unido e o mundo sabe no que resultou a sua liderança. Desde o Afeganistão ao Iraque, o senhor assentiu todas as guerras. Ouvia hoje de manhã na rádio que o Bush vai sentir muito a sua falta, porque não há líder europeu mais fiel e amigo dos EUA. Pior que um criminoso com poder só mesmo um outro que bajula o mais poderoso.

07 maio 2007

Mercado paralelo

Como por aqui se muda de cidade com frequência, pode-se vender e comprar de tudo (literalmente) em segunda mão. Além de ser bem mais barato sabe bem entrar no mercado paralelo. A Craigslist é uma grande ajuda. Eu estreei-me com uma bicla. O plano é pedala-la todos os dias para o lab.

Casa

Mudámo-nos no sábado e já me sinto em casa. Tomamos o pequeno almoço a ver os patos a nadar no lago e a olhar para o chorão grande mesmo ali ao lado. Vou fazer crescer umas plantitas entre os dois arbustos e salsa e coentros debaixo deles. Também vamos fazer churrascos. Descalçamo-nos à entrada porque temos alcatifa quase branca. Temos mobílias (poucas) democratic design (cá para mim o nome não tem nada a ver com o conceito: qualquer coisa do tipo peças baratas, práticas e giras). Temos um futon para as visitas.

03 maio 2007

Grunion run

A lua estava bem redonda, o mar à temperatura certa e nós à espera deles. Foi uma corrida divertida. De Março a Abril, nas noites de lua cheia, os areais do sul da Califórnia (e também de Monterey) enchem-se de grunions que vão desovar. Vêm cheios de força, trazidos por uma onda. As fêmeas enterram-se e depositam os ovos na areia. Os machos aproximam-se, libertam o esperma e num ápice voltam ao mar. Nós esperamos em silêncio encostados ao paredão, corremos e gritamos quando uma boa onda os traz para o areal.

01 maio 2007

Kuumbwa

Entrámos de dia. As mãos dele encheram a sala, pequena e com clarabóia. Saímos de noite. Nestes dias de mudanças soube bem parar no tempo.

26 abril 2007

Eating out

Gosto do copo de água com limão sempre cheio em todos os restaurantes e que me perguntem muito naturalmente se quero levar para casa o que não me coube na barriga. Gosto médio que me tragam a conta sempre sem eu a pedir (e muitas vezes quando ainda estou a comer). Não gosto nada que a tip constitua o grosso do salário dos empregados.

25 abril 2007

Um + na caderneta

Após os 2 emails com subject URGENTE a Maria veio a correr à minha procura. Fiz asneira...Não sei como, a impressora plotter (daquelas que imprimem em papel grande com formato de cartaz) passou o fim-de-semana a imprimir um mapa meu. Abri a porta da sala, o chão estava coberto de Atlânticos e Mediterrâneos, com os nomes das ilhas bem assinalados. Fui ao gabinete do chefe, com as bochechas as arder, pedi desculpa e expliquei que não fazia ideia de como tinha acontecido. Esperei uma resposta torta e talvez um ralhete, mas recebi sorrisos e um "don't worry, it happens sometimes". Embora sabendo que é um erro generalizar, hoje gosto da atitude americana. Vou assinalar um +!

Golden Gate


Dois dias antes do dia que dá nome à nossa ponte houve pescaria e churrasco muito perto da sósia californiana.

A Tese (com maiúscula)

Começa a ganhar forma. O plano está traçado e acabei hoje um dos capítulos da Introdução. Por agora estou entusiasmada com a escrita (vamos ver quanto tempo dura). O "parto" está marcado para Julho.

21 abril 2007

Começo

Apesar de os sonos ainda estarem trocados as coisas vão-se compondo. Temos casa escolhida e conta no banco. O Ric tem gabinete com ocean view. Hoje fazemos uma lista de mobílias e tralhas a comprar.
Tudo aqui parece fluir: desde as conversas com o gerente de conta no banco que é biólogo e treina uma equipa de voleibol onde joga uma portuguesa, até às visitas guiadas às nossas potencias casas com meninas de conversa bem treinada e que não sabem andar de saltos. O tempo vai fluindo também.

14 abril 2007

De cá e de lá

A questão da imigração saltou para a ribalta em Portugal a propósito do cartaz dos fascistas e da soberba resposta dos Gatos. Gostei do humor, mas principalmente de tal ter constituído um exercício de cidadania como notou o José Luís Peixoto.

Não tenho muito a dizer acerca das questões da imigração. Continuo a achar que cada um nasce no país em que nasce por acaso e custa-me que o meu vizinho do lado tenha direitos diferentes dos meus só por não ter nascido no mesmo ponto geográfico que eu. Também me incomoda ter que tratar de papelada com mais de três meses de antecedência para poder entrar num país e de ser interrogada acerca dos meus objectivos de vida (e de tudo o mais que lhes apetecer) para poder ter uma folha no meu passaporte que não me faça violar a lei pelo simples facto de permanecer nesse país.

Tenho-me lembrado muitas vezes de uma frase de Sócrates que lia todos os dias nos azulejos da estação do metro quando ia para a Faculdade : "Não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo."

10 abril 2007

Viagem (breve) ao passado

Encontramos-nos no cinema e depois do filme cada um vai para sua casa. Por uma semana e picos voltamos a ser namorados. Em breve retomaremos a vida a dois. As águas vão ser outras: trocamos o Atlântico pelo Pacífico.

05 abril 2007

É sempre bom saber

Segui para o café mais próximo, para galão e torrada, onde fiquei a saber que 59% das pessoas acreditam em amor à primeira vista (obrigada Nicola). Será que os inquiridos poderiam pôr a cruzinha no Não sei/Não respondo?

Da veia

Hoje em jejum, enquanto o sangue saía de mansinho da minha veia, a simpática e curiosa enfermeira comentou "então tem uma vida de estudo, e quando vai para fora fazer o seu doutoramento não trabalha". Tive que explicar: "Trabalho sim, o meu trabalho é investigar, não sou estudante". Seguiu-se um chorrilho de explicações num discurso automático de tantas vezes proferido por mim em particular e também por todos nós.

Já me tinha(m) identificado veia de contestatária (Mafalda, já somos duas), mas desta vez saiu-me literalmente da dita.

04 abril 2007

22 anos depois

Os duendes sabem muito porque estão muito atentos à vida.
Vera, 6 anos, num Jornal da Torre recordado ontem, com alguns dos da infância, passados mais de 20 anos.

Para quem não sabe importa referir que os duendes vão para o topo do monte esperar serenamente a morte quando se sentem velhinhos.

30 março 2007

Alívio

Casa alugada, viagens compradas, passaportes e documentos para os vistos prontos, tudo guardado no mesmo envelope. Durante duas horas da tarde de hoje fui de Porto Salvo à Quinta dos Barros e de lá para o Jardim do Tabaco. Tudo atrás do dito envelope de cujo conteúdo depende a nossa mudança breve para a beira do Pacífico. Por duas horas pensei que o tinha perdido e imaginei como dar-lhe a notícia. Voltada à casa de partida, o dito e o seu conteúdo precioso descansavam, "para não apanhar pó", no local mais remoto da casa.

Só queria um

Se eu tropeçasse numa lâmpada mágica e me fosse concedido um desejo, só um, nem precisava que fossem três, sei bem o que pedia: ser menos emotiva (leia-se chorona). Facilitar-me-ia muito a vida.
Segundo defende fervorosamente o Sr. Dawkins a probabilidade de um lâmpada destas existir é praticamente zero (quanto mais a de eu tropeçar nela). Parece que vai mesmo depender só de mim.

26 março 2007

23 março 2007

...

Ainda sobre o post anterior e para a minha mãe: ou é genético ou contagioso...

Talvez 1 cm...

Parece-me que ontem cresci um bocadinho. Consegui dormir bem e só rever mentalmente o email a mandar assim que acordei (em vez de o fazer durante a noite como de costume). A prova final foi a de ter apagado o parágrafo em que desaprovava a sua atitude- Who cares?
No entanto,
continuo a achar que não me apetece lidar com estas coisas porque elas (ainda) me desgastam muito.
"Aceitar que há outras opiniões, mesmo que disparatadas, faz parte". Parece que é mesmo assim, mas para quem tem fichas de avaliação,
desde a primária, onde consta espírito de líder e feitio um pouco conflituoso, não é fácil.

20 março 2007

Dizem que a idade não perdoa

Medes: Barbatanei, barbatanei, barbatanei. Barcelona: andei, andei, andei. "Estou que nem posso!"

16 março 2007

E dá mesmo

Ontem no Mercat ouvimos contar que veio da Colômbia para França por amor, que casou muito cedo e era feliz. Ela foi-se embora, encontrou outra pessoa. Não soube o que dizer e resisti à tentação do cliché "a vida dá muitas voltas..." Esta história fez-me lembrar um jantar recente a três em que, em resposta a um lamento por temer ser a única a ficar sózinha, respondi "não digas disparates, sabes lá o que nos vai acontecer..." Talvez dessa vez tenha mesmo rematado com o cliché.

Dilemas de profissão

Tenho consciência de que como referee sou muito exigente. Também acho que sou justa e cuidadosa nas revisões que faço (na maioria das vezes a coisa toma-me um dia inteiro de trabalho). Contenta-me saber que não sou mais exigente com o trabalho dos outros do que face ao meu próprio. Mesmo assim, uma decisão negativa leva-me muito tempo a tomar e é muito ponderada e questionada. Tento convercer-me a mim própria várias vezes, imagino como será ler o que escrevo e troco palavras por sinónimos mais soft. No fim, revisão feita, posição tomada, e...venha outra!

14 março 2007

Onde é que eu já ouvi isto?

Quase diria que o nosso Presidente anda a plagiar a ABIC.

"É hoje ponto assente que a principal riqueza de um País ou de uma instituição, seja empresa ou serviço público, são as pessoas que nelas vivem e trabalham".
Cavaco Silva, Sessão 75º Aniversário da UTL, 02.06.06


13 março 2007

Saudades

Estive no lab a ajudar o Ricardo. De repente lembrei-me que já faz quase um ano desde que fiz o meu último PCR. Estou farta de ser escritora, quero voltar ao lab com urgência.
Dentro da variedade do meu trabalho (campo, lab e escritório), ainda o consigo achar monótono...

12 março 2007

08 março 2007

Eu assinei

Assinei a petição. Quando me chegou a mensagem à caixa do correio pensei que talvez não fosse para tanto. Afinal, História é História e, motivo de orgulho ou de vergonha, não deve ser esquecida. Depois de ler os textos da petição percebi que a ideia é bem outra e muito mais perigosa.

"o espólio documental dos 48 anos de fascismo em Portugal pode e deve estar disponível no Arquivo Nacional, mas jamais deve ser utilizado de forma a constituir-se como instrumento de propaganda do fascismo e dos seus responsáveis".

Mesmo tendo nascido já muito depois do fascismo em Portugal, tenho a liberdade de expressão como um dos valores mais importantes de uma sociedade. Não sei como é possível viver sem ela. Acho que eu teria sérios problemas.

05 março 2007


De França a Espanha sempre ao lado do Mediterrâneo.

Sábado: muita história com mistura de tempos e estilos em Carcassonne.

02 março 2007

Já cá estou

Depois de uma semana a empacotar a casa, passei as 2 fronteira, uma de avião e outra de carro (Ric, tiveste saudades minhas?). Já estou nas terras de França. Hoje trabalhamos, amanhã passeamos e Domingo mergulhamos. Parece-me bem!

21 fevereiro 2007

Escape

"Aqui escrevo por razões pessoais. Preciso de drenar afectos antes de morrer sufocada por eles..."

In Muros, de Júlio Machado Vaz

Houve tempos em que o meu diário era assim. Este blog não chega a tanto.

15 fevereiro 2007

"Os filhos criam-se para o mundo"

disse-me uma vez a Anita. Ao que parece a psicanalista da Cristina repete-o com frequência.

Decisões

Sempre que tenho decisões importantes a tomar, e especialmente quando vejo o tempo a passar e poucos avanços, acordo de manhã muito inquieta e pessimista. O momento do despertar é o pior e por isso sou rápida a sair da cama. Agora que já me conheço bem, o pessimismo matinal é muito racionalizado (calma, já sabes que de manhã dramatizas muito).

12 fevereiro 2007

SIM

Fiz a cruz muito bem feitinha e, como sempre, mas desta vez especialmente, fiquei muito satisfeita por ir votar. À noite dei pulos sózinha! Parabéns Portugal!

Tremelicou

Tremeu tudo, juro que tremeu! No gabinete mais refundido deste ISPA, perdido num sotão em cima de não sei quantos andares, tremeu o arquivador, chocalhou a lata dos lápis e abanou a minha cadeira. O tremelique demorou só alguns segundos mas (racional como sempre) ainda tive tempo de me pôr debaixo da umbreira da porta (não interessa nada o facto de a parede ser de pladour). Parece que a magnitude da coisa foi de 5.8 na escala de Ritcher. Para mim foi de magnitude safa, que granda susto!

09 fevereiro 2007

Futuro

Surfperches for sure! E agora? Local adaptation com microarrays ou speciation com gamete recognition proteins?

05 fevereiro 2007

Será que é contagioso?

Como se não me faltassem razões para sair de Portugal, esta semana percebi qual é a principal: temo que a mentalidadezinha passe por osmose caso o contacto seja continuado. Não quero daqui a uns anos estar a pensar como se pensa por cá. Não quero aceitar que o mérito seja pouco importante e que a cunha seja o que dá frutos. Não quero esconder o que faço nem viver entre tricas e a engolir sapos. Enfim, não quero que o meu lema de vida passe a ser "se não os podes vencer junta-te a eles". Se calhar volto, mas espero vir menos amarga e vacinada.

Govinda

Porque para mim não faz sentido ser vegetariana mas apenas vegan, e porque não tenho força de vontade para tanto, continuo a debicar alguma carne. Ao mesmo tempo vou experimentando novos sabores. Desta vez foi no Govinda, o protector de vacas.

31 janeiro 2007

O dia chegou

Por esta altura deve estar quase a chegar a Madrid. Saiu hoje de manhã com a ansiedade de vários meses e com o entusiasmo de estar a partir para o preâmbulo de vida nova. Daqui a nada vou lá ter, mas mesmo assim não me escapei da sensação de vazio quando fechei a porta.

30 janeiro 2007

Plural versus singular

Poderia enumerar um sem número de argumentos e desenvolvê-los indefinidamente, mas não é preciso. Basta-me lembrar um facto simples que todos sem excepção aceitam: trata-se de uma questão ética. Como tal, só cada pessoa no seu íntimo pode decidir e tomar a atitude que se lhe afigurar a melhor (ou a menos má). Porque acredito numa sociedade rica em éticas (notem o plural) e não baseasa numa moral imposta (notem o singular), só posso votar SIM.

23 janeiro 2007

Pseudodemocracia

De dia para dia me parece que o referendo que se aproxima não devia sequer existir. Já não consigo ouvir os argumentos do NÃO e parece-me que os movimentos do SIM não inisitem na questão essencial: a pergunta do referendo!!! De uma vez por todas o que se vai votar é: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?" Ninguém nos está a perguntar se somos a favor ou contra o aborto ou se o fariamos em determinadas circunstâncias.
Estou farta desta campanha: eu não estou interessada em saber quais são os valores éticos do António e da Maria.
Não me querendo tornar arrogante, não consigo deixar de estar convicta de que não há nada a debater acerca da resposta à pergunta. Quem sou eu para apontar o dedo a quem opta por abortar?

22 janeiro 2007

Contas à vida

O tempo vai realmente passando... A Dona Fernada completou este mês um século de vida! A minha avó já tem uns rijos 86, o meu avô conta com 79 (o que é isso para quem planeia chegar aos 120?!) e ontem festejámos os 74 da Guida. O meu pai está nos 57 e a minha mãe conta com uns leves 53. A Biba teve festa de arromba pelo quinquasésimo aniversário e à Miri já lá canta uma vintena! O meu irmão, o bebé rosado que nasceu noutro dia, passeia uns alegres 14! E a minha Ginjita linda conta 8 anos de puro mimo... Cá em casa temos 5 de diferença (que não se notam nada): eu sou uma miúda de 28 anos e o Ric um respeitável senhor de 33.

16 janeiro 2007

Sentimentalismos

Ontem foi dia de festa e foi também dia de revelação de tão laboriosa surpresa. Eu estava lá, mas não consegui ver a cara dela enquanto as caras da tela iam mudando. Garantiram-me que chorou e eu, piegas que sou, quase chorei também. De mim apareceu pouco. Ficaram a saber que a aniversariante é minha madrinha e minha tia (o que confirma o "veio ocupar o lugar da minha irmã" da minha mãe). Faltou ficar registado que é uma das referências da minha vida. Consciente ou insconscientemente a minha maneira de encarar a vida e os valores fundamentais que me dão rumo, também me foram transmitidos por ela.
De recordações (são tantas...) basta-me pensar que foi com ela que quis passar a noite quando a minha avó morreu. Dormimos as 3 na cama grande, apesar de haver uma cama vazia no quarto ao lado.

13 janeiro 2007

Talvez se chamem experiências

Há coisas por que se passa na vida que são sofridas na altura, mas que, mais tarde, recordamos com prazer. Fará isto sentido? Poderá uma coisa ser boa só alguns anos depois de ter acontecido? Não falo dos sacrifícios que resultam em recompensas, mas dos sacrifícios que recordo com prazer.

Not possible

Para quê pensar na morte? Divagar, interpretar, adivinhar, comparar, filosofar, criar? Morre-se e pronto.

08 janeiro 2007

Indefinições interiores

Onde se traça a linha do "não tens nada a ver com isso"? Quando sinto um frio no estômago devo ter, não?

05 janeiro 2007

Venham as surpresas

Não faço balanços dos anos que chegam ao fim nem grandes planos para os anos que começam. Desta vez pus-me a pensar...O que eu mais gosto é de parar para pensar como está a minha vida nesse momento e de me aperceber que há um ano atrás não imaginava que ia estar assim. Gosto das surpresas que se atravessam no percurso, mais do que saber que atingi qualquer coisa muito planeada. Para 2007 as mudanças planeadas são muitas, mesmo muitas, mas fico à espera das surpresas.

03 janeiro 2007

Clique clique

Às vezes apetecia-me entrar no cérebro dos meus alunos e desencadear-lhes a sinapse que falta para perceberem o exercício que estou a explicar. Esforço-me imenso por explicar tudo de maneiras diferentes, para dizer as palavras todas com calma e demonstrar o raciocínio de forma muito clara e sucinta. Sei que há muitas coisas que eles só interiorizam se estudarem e pensarem por eles próprios, mas eu desbobro-me à mesma para lhes passar tudo como que por osmose. É que ainda me lembro bem do que é estar do outro lado e do prazer que dá quando se faz o clique e tudo passa a fazer sentido. Gostava que muitos cliques acontecessem na minha aula...