A minha vida é marcada por grandes mulheres e guardo secretamente o desejo de ter algo de cada uma delas em mim. A minha avó que criou duas filhas sozinha, não porque tivesse perdido o marido, mas porque o marido se decidiu perder. Sofreu mais tarde o sofrimento supremo e continuou como pôde só porque era uma grande mulher. Nunca mais foi a mesma. Cresci com a noção inconsciente de que era a sua razão de viver. Dirão, responsabilidade demasiada para uma criança. Com certeza que sim, mas não faz mal. Assumi-la-ia hoje de novo se o pudesse fazer. Foi-se cedo. Muito cedo. Cedo de mais. Não me deu tempo de crescer e de lhe dizer que não faz mal. Que está tudo bem, que compreendo e sei que não poderia ter sido de outra forma. A minha mãe. Não me criou sozinha, o meu pai não viveu connosco mas esteve sempre lá. Não obstante, o dia-a-dia era dela, só dela. Andou para a frente com a vida com a lucidez de me aliviar o fardo da infância, de a tornar leve e fresca como ela deve ser. Aposto que fez das tripas coração diversas vezes, mas posso escrevê-lo com segurança que o conseguiu na perfeição.
Aqui estou eu- espero acima de tudo que vos tenha valido a pena.
Aqui estou eu- espero acima de tudo que vos tenha valido a pena.
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:)
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