Para irem sabendo de mim...

30 maio 2007

Cá de dentro

Reivindicativa, contestatária, exigente, sindicalista. Estou já habituada a que me chamem tudo isto, em tom de apreço, de gozo, ou até mesmo depreciativo. Por email, o meu orientador em Lisboa diz que todos têm saudades de mim, até da minha refilice. Posso por vezes ferver em pouca água, mas antes isso do que engolir sapos, tornar-me num ser amorfo e conformado. Faço por fundamentar o que defendo e aproveito sempre que posso para passar a palavra. Acredito convictamente que cabe a todos nós mudar o que nos parece mal. Por isso mesmo contribuo com uma migalha. Um dia espero poder dar mais de mim.

28 maio 2007

Lista em construção

Fui ver 10 questions for the Dalai Lama. Tenho pensado quais seriam as minhas, mas a lista ainda não está completa. Não é tarefa nada fácil. Preciso de ler mais.
Saí pequenina por rever o monstro China, mas maravilhada por mais uma confirmação da grandeza do senhor. O Budismo Tibetano parece-me ser a única religião coerente e compatível com a ciência. É também a única que realmente pratica a
paz e a força da verdade. Um dia ainda me converto.

Nova paragem

O tempo parou outra vez. Desta vez foi uma paragem com mais acústica e em tom latino. Ouvimos a guitarra e o acordeão acompanhados por violinos e violencelos. O regresso a casa fez-se de bicicleta com luzes a piscar. Ficou-nos uma dúvida: pia baptismal ou jacuzzi?

25 maio 2007

No kiss

Hoje conheci a professora da Amália (não a Rodrigues, mas a Bernardi). Quem olha para a senhora não adivinha o que lhe vai na cabeça. Há uma regra a cumprir na sala de aula dos miúdos de 6/7 anos: no kiss. Isso mesmo, é proibido dar beijinhos aos colegas. Eu fiquei verdadeiramente chocada quando soube. O G desabafa this society is really sick. O que pensaria a senhora dos beijos na boca, dos apalpões e das espreitadelas por baixo das saias das meninas de que nós tanto gostávamos?

23 maio 2007

A minha selecção

2005, aqui
2006, outra vez aqui
2007, no sítio do costume

Pró-activo

Ontem em conversa, durante o já habitual café depois do almoço, o G mencionou uma das razões que o levaram a sair de França: a facilidade com que conseguiria um emprego lá devido ao elevado número de familiares na Academia. As coisas não têm que acontecer assim. Uma prova de que o lema não serve para todos.

19 maio 2007

Jardim


O meu primeiro jardim (soa-me a livro faça você mesmo) ou Vera e a jardinagem (soa-me a livro da colecção Anita). Escavei, plantei e reguei: hortelã (para a massada de peixe), alfazema (para o jardim cheirar bem ao pequeno-almoço), lebelia (porque é roxa), linaria (com bee like flowers) e arméria (lembra-me as dunas).

Meme

Desafio aceite. A busca do meu meme tem-me andando a roer por dentro, devagarinho e distraidamente. Nos dias de hoje, em que o dever cívico é um conceito vazio e pouco importante, lembro-me muitas vezes de uma frase que li, já há vários anos, num livro oferecido pela Ana P. com dicas para um ambiente melhor. Acho que se aplica a tudo.

Nunca ninguém cometeu maior erro do que não fazer nada, por achar que podia fazer apenas muito pouco.

Não me lembro da autoria, mas sei que a tenho anotada num caderdinho, algures em casa da minha mãe. Ainda hei-de ir à procura.

18 maio 2007

A Essência

Comecei a lê-lo sem muito entusiasmo acreditando que ia ser apenas mais uma historieta à laia de romance. Não me enganei na parte da historieta, mas sim na parte do "apenas". Surpreendi-me com a forma limpa com que ele explica a Física essencial, aquela que nos situa neste Universo. Anos sucessivos de Física na escola e uma cadeira semestral (miserável) na Faculdade não me transmitiram ideias tão claras. Conseguiu ser mais claro que os livros do Hawking. Tudo é de facto muito complexo, mas também muito simples quando visto numa perspectiva integrada. Reconheço-me uma clara falta de apetência para a Física. Sempre me fascinou mais a Química, por exemplo, talvez por a conseguir entender com mais facilidade. É verdade que o nosso sistema de ensino não prima pela articulação e integração dos conhecimentos, mas também acho que há coisas que só se compreendem, mesmo aquele compreender, quando se tem uma certa maturidade. Outras talvez nunca... Como conceber que o Big Bang é o início de tudo e que não existe antes do Big Bang? Como definir o tempo? Conseguirei imaginar metade de metade de metade de metade de metade de metade de metade...?
Se quiserem chamar Deus a todo este mistério explicável, mas no fundo incompreensivel, eu não me importo.

15 maio 2007

Nem a propósito...

O meu pai enviou-me um link.
"O sistema de saúde norte-americano é o mais caro e o menos eficaz entre os de seis grandes países industrializados analisados por um estudo publicado hoje pelo Commonwealth Fund, um instituto independente"
"Os Estados Unidos são a única nação do estudo que não assegura o acesso universal à saúde (...). Karen Davis (presidente do Commonwealth Fund).
Cerca de 15% da população não tem seguro de saúde!
Sem surpresa, os médicos americanos acham que o seu sistema de saúde é o melhor do mundo.

14 maio 2007

Paradoxo

Recebi o meu cartão da Segurança Social americana. Para que servirá neste país?

13 maio 2007

Fair trade

Tenho estado atenta aos projectos fair trade de que ouço falar. A minha estreia foi o ano passado perto de Vancouver quando comprei um cesto. À primeira vista pareceu-me que fosse de uma das aldeias índias do Canadá, mas depois percebi que tinha vindo de África. Porque o fair trade não sobrevive sem a globalização trouxe-o à mesma. Hoje li no Metro Santa Cruz uma pequena reportagem sobre fair trade de café produzido e transformado na Costa Rica. " You have on one hand people buying coffee for $4 for a latte and people on the other hand barely making a living". Embora ajudar a mudar?

11 maio 2007

Já vai tarde

O Tony vai-se embora. Parece-me estranho este sistema inglês. Então o senhor decide que deixa de ser Primeiro-Ministro lá para fins de Junho e é assim? Não há um mandato a cumprir? Um motivo determinante a invocar?
Esteve dez anos à frente do Reino Unido e o mundo sabe no que resultou a sua liderança. Desde o Afeganistão ao Iraque, o senhor assentiu todas as guerras. Ouvia hoje de manhã na rádio que o Bush vai sentir muito a sua falta, porque não há líder europeu mais fiel e amigo dos EUA. Pior que um criminoso com poder só mesmo um outro que bajula o mais poderoso.

07 maio 2007

Mercado paralelo

Como por aqui se muda de cidade com frequência, pode-se vender e comprar de tudo (literalmente) em segunda mão. Além de ser bem mais barato sabe bem entrar no mercado paralelo. A Craigslist é uma grande ajuda. Eu estreei-me com uma bicla. O plano é pedala-la todos os dias para o lab.

Casa

Mudámo-nos no sábado e já me sinto em casa. Tomamos o pequeno almoço a ver os patos a nadar no lago e a olhar para o chorão grande mesmo ali ao lado. Vou fazer crescer umas plantitas entre os dois arbustos e salsa e coentros debaixo deles. Também vamos fazer churrascos. Descalçamo-nos à entrada porque temos alcatifa quase branca. Temos mobílias (poucas) democratic design (cá para mim o nome não tem nada a ver com o conceito: qualquer coisa do tipo peças baratas, práticas e giras). Temos um futon para as visitas.

03 maio 2007

Grunion run

A lua estava bem redonda, o mar à temperatura certa e nós à espera deles. Foi uma corrida divertida. De Março a Abril, nas noites de lua cheia, os areais do sul da Califórnia (e também de Monterey) enchem-se de grunions que vão desovar. Vêm cheios de força, trazidos por uma onda. As fêmeas enterram-se e depositam os ovos na areia. Os machos aproximam-se, libertam o esperma e num ápice voltam ao mar. Nós esperamos em silêncio encostados ao paredão, corremos e gritamos quando uma boa onda os traz para o areal.

01 maio 2007

Kuumbwa

Entrámos de dia. As mãos dele encheram a sala, pequena e com clarabóia. Saímos de noite. Nestes dias de mudanças soube bem parar no tempo.