Para irem sabendo de mim...

24 setembro 2009

Do livro (IV)

"É por essa razão que escrevo este livro. Para pensar. Para compreender. Acontece que eu sou assim. Preciso de registar as coisas para sentir que as compreendo plenamente."

Haruki Murakami in Norwegian Wood

21 setembro 2009

Apercebo-me numa fracção de segundo, numa conversa ou ao virar da esquina. Aconteceu no passado e repetir-se-á um dia. Tornar-se indiferente acontece da mesma forma subtil e inexplicável com que uma nova presença começa a ser reclamada. De mansinho, sem se anunciar. O processo é o mesmo, as velocidades são muito diferentes. Se um dia tiver que ser, percorrerei o percurso novamente, devagar, sem pressa.

Do livro (III)

Sentado no sofá feio e duro, cabeça recostada, vejo-lhe uma lágrima e percebo que está prestes a desistir. Então, engulo em seco, esqueço o meu nó na garganta e vou. Pudesse eu ter-lhes poupado todas as lágrimas, tê-las chorado todas por eles. Esquecer que era apenas uma menina e pôr ordem a tudo. Encaixar as peças da vida de todos os que faziam parte dela. Preencher-lhes as falhas, explicar-lhes as dúvidas. Dar-lhes as respostas às perguntas que não sabiam formular, mas para as quais procuravam sentido todos os dias, avidamente. Pudesse eu...Vejo com o tempo que nem tudo está nas minhas mãos e aceito os meus limites. Aprendi a descansar e deixo agora muitas coisas apenas ser.