Para irem sabendo de mim...

27 fevereiro 2008

O tempo

Pouco a pouco habituo-me a este ritmo. À cadência dos dias não muito preenchidos. Sou agora capaz de saborear o tempo a passar de outra maneira. Criei uma nova rotina. Usufruo da dádiva do tempo. De tanto esperar, a ansiedade já passou. Agora a espera é serena. Mesmo assim, as horas, os dias, as semanas, passam depressa. Aproveito cada minuto. Nos dias de sol, deixo que ele me preencha os dias. Não tarda nada o ritmo vai mudar e sei que quanto mais aproveitar a cadência de agora, melhor me vai saber a diferença horária.

22 fevereiro 2008

Acho que sou tagarela. Podia não opinar, podia só ouvir, para variar. Ouvia, sorria e guardava tudo para mim. Talvez um ar introspectivo ou distraído, não interessa, desde que com a boca fechada. Na verdade podia até não ter opinião. Seria mais fácil, menos cansativo, mais pacífico.

14 fevereiro 2008

05 fevereiro 2008

Avó Clara

Estava bem disposta neste domingo e com vontade de sair. Ela nem imagina o efeito que isso tem em nós. Acho que ficamos todos mais leves. A minha avó Clara, senhora de um rijos 87 anos, enérgica e com uma grande vontade de viver. Depois do cozinho à portuguesa disse que estava com saudades de fazer anos, "sempre era mais um". Trata muito bem de si e está sempre a pensar nos seus. Desta vez foram bifes para o meu irmão e laranjas para mim. Houve tempos em que os avios eram repletos e variados, qual cabaz de Natal! Tenho cá para mim que o segredo da sua vitalidade é a alimentação cuidada e os rodopios no seu quintal. Este ano, para além das habituais sacadas de laranjas (doces como nenhumas outras) tivemos abóboras plantadas à semente. Dona de uma teimosia genuína, a palavra das vizinhas é sagrada. Não vale a pena argumentar, explicar, insistir. Ninguém a demove. Leva-nos ao desespero e confesso que até já lhe levantei a voz. Nascida e criada na zona saloia, a infância difícil deixou marcas. Não usa o aquecedor porque gasta muita electricidade e recusa-se a deixar pão "estreado" na mesa. Ao fim de muita insistência deixou de guardar dinheiro em casa e é agora senhora de um cartão multibanco!
Neste domingo quis saber para onde era mesmo que eu ia agora. Expliquei que era para o mesmo país, mas só que para mais perto, "o país é tão grande que faz muita diferença e não te preocupes que conheço já lá portugueses e brasileiros". Ficou contente e isso descansa-me. Não tarda nada estou a ligar-lhe lá de longe. Parece que já a estou a ouvir "ai filha que parece mesmo que estás aqui pertinho".

02 fevereiro 2008

A confirmação

Sem estar ainda à espera, chegou a notícia por email. Parece que falta um documeno, mas "Informamos ainda, que o pedido de alteração (...) foi aceite". Assim, quase que como um detalhe sem importância. Sabem lá eles o que isso significa para mim. Simplesmente vai ser uma vida nova, mas isso só sabe mesmo quem tem estado aqui.
Sabem que mais? Chorei. Foram só duas lágrimas, mas garanto que eram diferentes de todas as outras.

01 fevereiro 2008

Azulices

Está-se muito bem no quarto da parede azul. Ainda estive inclinada para o mar, mas não. O tom era mesmo este, frio e triste, não faz mal. Como disse o meu avô "para alegre bastas tu".