Para irem sabendo de mim...

05 fevereiro 2008

Avó Clara

Estava bem disposta neste domingo e com vontade de sair. Ela nem imagina o efeito que isso tem em nós. Acho que ficamos todos mais leves. A minha avó Clara, senhora de um rijos 87 anos, enérgica e com uma grande vontade de viver. Depois do cozinho à portuguesa disse que estava com saudades de fazer anos, "sempre era mais um". Trata muito bem de si e está sempre a pensar nos seus. Desta vez foram bifes para o meu irmão e laranjas para mim. Houve tempos em que os avios eram repletos e variados, qual cabaz de Natal! Tenho cá para mim que o segredo da sua vitalidade é a alimentação cuidada e os rodopios no seu quintal. Este ano, para além das habituais sacadas de laranjas (doces como nenhumas outras) tivemos abóboras plantadas à semente. Dona de uma teimosia genuína, a palavra das vizinhas é sagrada. Não vale a pena argumentar, explicar, insistir. Ninguém a demove. Leva-nos ao desespero e confesso que até já lhe levantei a voz. Nascida e criada na zona saloia, a infância difícil deixou marcas. Não usa o aquecedor porque gasta muita electricidade e recusa-se a deixar pão "estreado" na mesa. Ao fim de muita insistência deixou de guardar dinheiro em casa e é agora senhora de um cartão multibanco!
Neste domingo quis saber para onde era mesmo que eu ia agora. Expliquei que era para o mesmo país, mas só que para mais perto, "o país é tão grande que faz muita diferença e não te preocupes que conheço já lá portugueses e brasileiros". Ficou contente e isso descansa-me. Não tarda nada estou a ligar-lhe lá de longe. Parece que já a estou a ouvir "ai filha que parece mesmo que estás aqui pertinho".

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